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10 de novembro de 2015

Guia de Exercícios para Pessoas com Fibromialgia



Descobri mais um "manual" de ajuda para pessoas com fibromialgia, em castelhano, cujo título aponta para um guia de exercícios mas cujo conteúdo é muito mais do que isso. Ao longo de 5 capítulos bem elaborados aborda-se o tema fibromialgia de forma muito abrangente. 
Os autores deste manual são: Andoní Penacho, Javier Rivera, Mª Ángeles Pastor e Narcís Gusi.


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O prólogo é do Dr. M. Martínez Lavín, médico conceituado e especialista em fibromialgia, que a determinada altura, afirma:

(...)
Muitos médicos não entendem ou rejeitam o conceito de fibromialgia. Outros tentam aliviar as múltiplas manifestações da doença com um sem fim de medicamentos. Os resultados são geralmente frustrantes tanto para os pacientes como para os profissionais de saúde.
(...)
Existe um novo paradigma médico denominado holismo científico. Devo enfatizar que esta nova visão tem claros fundamentos científicos. São conhecimentos racionais e verificáveis. Esta nova abordagem tem as suas bases nas novas ciências da complexidade. O holismo científico vê o indivíduo como uma unidade bio-psico-social. Entende a saúde como a interacção harmónica dos nossos sistemas de adaptação com o meio ambiente. Certas doenças, como a fibromialgia, poderiam explicar-se como uma tentativa falhada dos nossos sistemas de adaptação quando tentamos adaptar-nos a um ambiente hostil. Como resultado deste conflito, na fibromialgia, as vias nervosas que transmitem dor, estariam irritadas. Portanto, parte da solução para a fibromialgia estaria na informação e na implementação de técnicas e procedimentos que ajudassem a harmonizar os nossos sistemas de adaptação.

O presente livro é uma louvável abordagem multidisciplinar ao problema da fibromialgia. Reflecte o esforço de um paciente (Andoni Penacho) para enfrentar a sua doença com realismo e determinação. Ele convocou um grupo de especialistas em fibromialgia, reconhecidos no âmbito internacional pelas suas valiosas contribuições. A opinião destes especialistas tem o aval dos seus próprios estudos científicos.

O Dr. Javier Rivera Redondo apresenta os seus pontos de vista sobre as prováveis causas da doença, refere as características da doença e o seu tratamento integral.

A Dra. María Ángeles Pastor aborda um aspecto importante do tratamento da fibromialgia, a terapia cognitivo-comportamental. Esta forma de intervenção é adaptada à situação particular de cada pessoa. A utilidade desta terapia na melhoria dos sintomas da doença está bem estabelecida.

O Dr. Narcis Gusi e os seus colaboradores enfatizam a importância de certos tipos de exercício na reabilitação dos pacientes com fibromialgia. As suas investigações demonstram os benefícios dos exercícios na água. Os detalhes sobre os protocolos a seguir são valiosos bem como os da dosagem dos diferentes tipos de movimento. O Dr. Gusi aventura-se a propor que as técnicas de vibração de todo o corpo podem ser úteis nos casos de fibromialgia. A proposta é interessante mas deverá ser avaliada por mais estudos controlados.

Este livro é um claro exemplo de que, no caso da fibromialgia, estamos a transitar de um período de ignorância e rejeição para um de investigação frutífera. Existem motivos para optimismo. O enigma da fibromialgia está em processo de resolução.
(...)
Manuel Martínez-Lavín García Investigador Clínico. Departamento de Reumatología Instituto Nacional de Cardiología. Chefe do Departamento de Reumatología Instituto Nacional de Cardiología. Professor Adjunto do Curso de Pos-graduação de Reumatología da UNAM. Professor Titular do Curso de Pos-graduação de Reumatología da UNAM. Investigador Titular dos Institutos Nacionales de Salud. Investigador Nacional. Sistema Nacional de Investigadores (CONACYT) .

 


No capítulo dedicado à "Medicina e Fibromialgia", o Dr. Javier Rivera Redondo, Reumatologista do Instituto Provincial de Rehabilitación en Madrid, fala exaustivamente sobre as manifestações clínicas da fibromialgia, o diagnóstico, o tratamento farmacológico e o tratamento multidisciplinar.




A Dra. Maria Ángeles Pastor Mira é responsável pelo capítulo "Psicologia e Fibromialgia", referindo, a determinada altura, a Psicologia da Saúde:
(...)
A Psicologia da Saúde surgiu no âmbito da Medicina Comportamental (anos 70-80) que se entendia como "um campo de aplicação interdisciplinar centrado na saúde e na doença físicas, integrado pelas contribuições das ciências do comportamento e biomédicas, para colaborar nos cuidados de saúde, no tratamento e na prevenção da doença, assim como na sua reabilitação" (Taylor, 1986).
Com base nesta perspectiva é claro qual deve ser o foco da Psicologia no contexto da dor crónica em geral e na fibromialgia em particular:
sem questionar a experiência de dor da pessoa, nem procurar causas psicopatológicas para a mesma, deve centrar a sua atenção nos resultados dessa experiência, buscando os factores que podem fazer com que a dor seja mais ou menos incapacitante. Gerindo estes factores, deve tentar conseguir uma melhor qualidade de vida para o fibromiálgico.
(...)
... baseando-nos em dados actuais, existe consenso em assumir que os transtornos emocionais são mais consequência do que causa e estão apenas presentes numa percentagem das pessoas com fibromialgia e não em todas. Assim sendo seria um erro importante "patologizar" a abordagem psicológica à fibromialgia como ponto de partida para o trabalho psicológico. Não se deve esquecer que nem sempre os factores responsáveis pelo aparecimento do problema são os mesmos responsáveis pela sua manutenção.
(...)

Maria Ángeles Pastor Mira é Dra. em Psicología, Catedrática na Escuela Universitaria na Área de Psicología Social e investigadora principal na Universidad Miguel Hernández




O capítulo "Exercício Físico e Fibromialgia" é da responsabilidade do Dr. Narcis Gusi, de José C. Adsuar e Pedro R. Olivares, da Universidade de Extremadura, Espanha. A favor da necessidade de exercício físico dizem que:
(...)
As pessoas que padecem de fibromialgia costumam ter uma série de sintomas característicos como a dor e uma maior fadiga decorrentes de esforços. Não pode esquecer-se um facto elementar como o que, sendo pessoas, necessitam de realizar actividades quotidianas que requerem actividade física como, por exemplo, caminhar para fazer compras ou passear com amigos, apanhar e mover objectos leves, levantar-se da cadeira, subir escadas ou, se for o caso, trabalhar. Se, devido aos sintomas dolorosos e de cansaço diminuirem muito a actividade física, a capacidade e condição físicas vão piorando pelo que os sintomas dolorosos e de cansaço iriam aparecendo, progressivamente, com actividades cada vez mais ligeiras. Isto levaria a um perda progressiva de autonomia pessoal e ao aparecimento de outras doenças (obesidade, diabetes tipo II, distúrbios do sono, etc.), por desuso ou falta de treino muscular, nervoso-coordenativo e cardiovascular. Quer dizer, as pessoas com fibromialgia precisam de prevenir, como todas as outras, o aparecimento de doenças derivadas do sedentarismo ou de actividade física insuficiente.
(...)
Apesar do exercício físico ser benéfico para os pacientes com fibromialgia, deve ter-se em conta que esta síndrome apresenta crises dolorosas ou picos máximos de dor, de duração variável, que podem fazer duvidar da eficácia do exercício. Deve ser tida em conta, na medida do possível, uma maior individualização do exercício físico. Quando surgem estas crises dolorosas sugere-se a diminuição da intensidade do exercício, evitando movimentos que precisem de uma alta exigência muscular.
(...)

Dr. Narcis Gusi - especialista em Fisioterapia, Medicina de Reabilitação, Economia da Saúde; Faculdade de Ciências do Desporto, Universidade da Extremadura, Espanha
 

Depois de uma abordagem exaustiva a todos os factores relacionados com o exercício físico surgem muitos exemplos do que se pode ou não fazer, tanto dentro como fora do meio aquático, bem explicados e ilustrados o que os torna muito fáceis de executar pelas pessoas com fibromialgia.



Apesar de estar em castelhano, aconselho vivamente a leitura deste manual, ao ritmo de cada um, pois contém informação essencial e muito explícita sobre fibromialgia no seu todo.
As páginas podem demorar um pouco a aparecer porque é um documento grande.
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Existe bastante mais leitura sobre este tema do exercício físico para pessoas com fibromialgia e, para além do que já publicamos no blogue, considero de leitura interessante os seguintes trabalhos (não traduzidos), que se focam mais na hidroterapia:

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